Ednaldo Rodrigues

Ednaldo Rodrigues: Um ditador em exercício

O desgoverno da CBF e as ambições monárquicas de Ednaldo chegaram ao seu ápice: censura.

Ednaldo Rodrigues
Reprodução: Rafael Ribeiro/CBF

 

 

Nas últimas semanas, ganhou destaque na imprensa esportiva nacional a informação de que a ESPN teria “suspenso” seis jornalistas que comentaram, ao vivo no programa Linha de Passe, os escândalos envolvendo o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. As aspas em “suspenso” são necessárias: não se trata de uma suspensão, mas de um claro caso de censura.

Não é de hoje que Ednaldo Rodrigues adota posturas autoritárias à frente da Confederação. Como revelou a Revista Piauí, o dirigente aumentou o salário dos presidentes das federações estaduais para mais de 200 mil reais pouco antes da eleição que o reconduziu ao cargo máximo do futebol brasileiro, um mandato que vai até 2030, eleição essa que Ednaldo ganhou por total unanimidade.

Ironia ou não, o futebol, o campo, tem se refletido a bagunça da gestão criminosa de Ednaldo. A Seleção Brasileira está novamente sem técnico após a demissão de Dorival Júnior, que amargou um vexame histórico ao levar 4 a 1 da Argentina, sem ver a cor da bola. Enquanto isso, Ednaldo Rodrigues continua a alimentar um amor platônico por Carlo Ancelotti, técnico que, vale lembrar, recusou o cargo há um ano e renovou com o Real Madrid. 

O caos dentro do campo  apenas reflete o desgoverno que reina na CBF: eliminação precoce na Copa América, sucessivos treinadores com perfis completamente distintos, ausência de planejamento e total incoerência nas decisões Mais do que um dirigente corrupto e ruim, Ednaldo parece agora nutrir ambições monárquicas, um projeto de poder autoritário, centralizador e sem espaço para dissenso, e quem ousa se opor, como Ronaldo Fenômeno, é prontamente silenciado.

A censura aos jornalistas da ESPN (mesmo que não ordenada por ele) foi apenas o primeiro passo visível dessa escalada. Ao silenciar vozes críticas e sufocar quem fala mal, o presidente da CBF tenta instaurar um reinado à sua imagem e semelhança: sem transparência, sem oposição e guiado por seu interesse pessoal: sua perpetuação no poder. É a lógica maquiavélica aplicada ao futebol, manter o controle a qualquer custo, mesmo que isso signifique calar a imprensa ou enfraquecer as instituições do futebol.

 

Texto por Artur Narciso Pinheiro, estudante de Jornalismo da UFG e que escreve criticamente sobre cultura, mídia e música.

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