
As respostas contraditórias da PM do Distrito Federal
Marcha da ATL em Brasília termina com feridos após ação policial, dentre eles a Ministra Célia Xakriabá
por: Paula Syang
Durante este mês de abril, vivenciamos duas facetas da democracia brasileira: os julgamentos de bolsonaristas que atuaram nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e os desdobramentos violentos da 21° edição do Acampamento Terra Livre (ATL) em Brasília, encerrado na última sexta-feira (11). A correlação entre eles vai além do local em que aconteceram os fatos, e também, de seu viés político. Ela diz respeito à presença seletiva de agentes de segurança - ou melhor, de sua ausência no ato de 2023.
Em relatório publicado pela Polícia Federal (PF) em 2024, foi apontada tanto a omissão, quanto a disseminação de fake news sobre fraudes eleitorais pelas autoridades de segurança do DF, dias antes aos ataques daquele mês de janeiro. Sendo os investigados membros dos núcleos: das Forças Armadas, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Secretaria de Segurança Pública, e da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF). Essa mesma PM, junto ao Departamento de Polícia Legislativa (DPOL), resolveu sair de sua “apatia” e agir violentamente contra os povos indígenas do ATL, no dia 10 de abril.
Se os participantes da chamada Intentona Bolsonarista levaram violência para as Casas Democráticas, destruindo não só o patrimônio público, como também, um imaginário de respeito às Instituições, e mesmo assim, receberam aval para tal, por que um pedido pacífico por direitos resultou em violência?
A caminhada pacífica da ATL, em conformidade com as leis, a qual exigia apenas o direito basilar à existência - “garantido” pela Carta Magna de 88 - foi recebida com sprays de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo vindo de quem deveria protegê-los.

EDITORIAL DO VEÍCULO ‘MÍDIA NINJA’
Durante a marcha do dia 8, uma réplica da estátua da Justiça, adornada com adereços desses povos, foi carregada até a Esplanada dos Ministérios, ela que mesmo após presenciar mais uma ação violenta, se mantém do lado dos opressores.
Além da diferença de abordagem dos grupos, o que poderia motivar, em um cenário, o abandono das funções da PM, e em outro, seu máximo desempenho? Nos perguntamos se é nostalgia por tempos de maior poder ou outra coisa…