Donald Trump

Alta cúpula de Trump reforça o circo da política estadunidense

Integrantes do alto escalão americano discutem táticas de guerra em aplicativo comercial, cometendo o mesmo erro que levou Hillary Clinton a perder as eleições para Trump em 2016.

 

Existe o consenso de que as informações sigilosas de um governo não devem ser discutidas em aplicativos convencionais de comunicação. esmo que as mensagens recebam criptografia impedindo a interferência direta, não são poucos os casos que vemos de figuras públicas tendo seus telefones invadidos ou roubados levando ao vazamento de informações.

 

Isso foi o que aconteceu em 2016 quando uma série de emails foi vazada onde Hillary Clinton discutia táticas de campanha e planos que deveriam ser realizados após a vitória. Esse acontecimento foi fatal para a campanha da candidata, uma vez que ele foi instrumentalizado pelos republicanos que questionaram (justamente) o quão responsável o governo de Hillary seria com as informações governamentais.

 

Em uma ironia do destino, o segundo governo de Donald Trump é marcado por um incidente similar, mas dessa vez causado por erro humano. No mês de março de 2025 o editor chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, foi acidentalmente adicionado em um grupo do aplicativo Signal que incluía diversas figuras da alta cúpula do governo americano, como o vice-presidente JD Vance e o diretor da CIA John Ratcliffe. 

 

Jeffrey mostrou que nesse grupo as figuras discutiam não só vários assuntos da economia e política estadunidense, como também compartilhavam táticas de guerra que foram usadas horas depois em um ataque contra o grupo Houthi, do Iêmen,como um dos maiores e mais esdrúxulos vazamentos de inteligência militar da história.

 

O ocorrido levanta questionamentos sobre o quão capacitada a alta cúpula estadunidense realmente é, e quando comparamos com o governo anterior de Trump, o panorama não é bom. A título de comparação, no primeiro governo de Trump Jim Mattins era secretário de defesa, com mais de sessenta anos de carreira militar, já tendo alcançado a patente de general e ocupado cargos como o de comandante das forças armadas no governo de Barack Obama e George W. Bush. Atualmente quem ocupa a secretaria de defesa é Brian Hegseth, ex-comentarista da Fox News com onze anos de carreira militar.

Escândalos como este do aplicativo Signal são efeitos colaterais de um governo com uma cúpula formada por figuras escolhidas não por suas capacidades, mas sim por seus partidos. Se Trump antes presidia um país, agora lidera um circo.