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Falsos liberais e falsos conservadores

Texto por Felipe Oliveira.

Vivemos uma terrível época para  a  direita no Brasil. E não nos referimos à  “direita conservadora” de viés  bolsonarista, que deseja conservar as ideias mais reacionárias e  autoritárias  disfarçadas de liberdade.  Tampouco  falamos  sobre os “liberais” conservadores que pregam a intervenção estatal quando não gostam de algo.

Enquanto há pessoas que defendem ideias tipicamente associadas à  direita, como o conservadorismo e o liberalismo, com o objetivo de mudar a situação desse país desigual e sufocante ao reestruturar a maleável instituição capitalista em que vivemos, grupos como os bolsonaristas e o MBL mancham a imagem de uma direita intelectual e comprometida com o debate público, a construção dialógica e o aprimoramento de ideias. mudar algo através do diálogo e evoluir intelectualmente.

Ao contrário do senso comum que frequentemente associa os grupos de direita à mera manutenção do status quo, esses pensadores se apoiam em uma tradição mais refinada.  Parafraseando Edmund Burke, considerado o pai do conservadorismo moderno, “O respeito a um princípio seguro de conservação e um princípio seguro de transmissão, sem excluir um princípio de melhoria”. Essa é uma  ideia alheia à mentalidade  desses falsos conservadores, que desejam apenas restabelecer um novo status quo com mais poder e alguns novos nomes, pois não se importa a história e as ideias por trás do movimento, eles são conservadores já que eles fazem muito barulho e se nomeiam assim.

Isso porque não falamos sobre os “liberais”. Adam Smith e Claude Bastiat se afogariam em lágrimas caso soubessem que o país mais intervencionista do mundo-  capaz  de intervir não só na própria população quanto em outros estados soberanos- é considerado o exemplo de nação liberal. E assim se segue, não é raro ver “liberais” defendendo intervenção do estado na vida do outro enquanto defende a própria liberdade.

E enquanto não houver essa distinção, tanto da oposição quanto dentro da própria direita, não haverá debates ou progresso. Tudo continuará estagnado nessa eterna guerra de falsos santos e ideais vazios, onde o título que o combatente tem é o lado em que ele lutará.

 

 

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