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Janelas

Por: Guigo Borges

Janelas

Dirijo à noite.
Dirijo à noite e olho nas janelas das pessoas

Sou aficionado em pensar em histórias.
Imagine quantas vidas cabem em cada janela acesa?
Cada janela é uma história, uma vida, uma possibilidade.
Sou aficionado por possibilidades.

Luz vermelha. Paro no semáforo.
A luz amarelada da janela do segundo andar, no prédio marrom da esquina da T37, me revela um casal discutindo.
Por que discutem?
Estará o relacionamento à beira do fim?
Houve uma traição ou é só mais uma briga de uma ordinária de terça-feira?

Luz verde. Sigo em frente.
A janela fica para trás.

Rumo ao centro.
Outra luz vermelha. Paro de novo.

A luz branca da janela do primeiro andar, do prédio verde no início da rua 68 ilumina uma sala.

Uma mesa de jantar, uma cadeira e um rapaz.

A clássica frase me vem à cabeça: “liberdade ou solidão?”

Nunca sabemos quando alguém está sozinho ou, sozinho.

Nunca queremos realmente saber um pouco mais sobre alguém.

Nós apenas olhamos nas janelas das pessoas.

 

As janelas se acendem como capítulos breves.

Eu passo por elas como quem lê um livro às pressas.

Eu vou a jantares do lado de fora.

Eu atendo as festas de Natal do lado de fora.

E me deixo levar pelas histórias que não são minhas.

Ou será que deveriam ser um pouco mais?

 

Crônica produzida para a disciplina de Produção de Texto III, ministrada pela professora Érica Morais

Categorias: Crônica