O cenário do rock atual em Goiânia: Como a falta de investimento afeta as bandas independentes da cidade.
“Mas isso tem a ver também com o estilo, geralmente o rock tem menos verba disponível para ele, tem menos incentivo disponível para ele…” , Victor César, baterista do OverFuzz.
Por: Sofia Pimentel
Atualmente, de acordo com o portal de notícias, G1, o rock foi colocado em terceiro lugar como estilo musical mais escutado no Brasil em 2023.
O Rock passou a ter mais influência a partir dos anos de 1960 a 1970, com o rock independente que bebia do punk e do stoner rock, com sons agressivos, graves e sombrios.
Como foi o surgimento do Rock em Goiânia e suas influências
O rock em Goiânia teve sua chegada marcada pela modernidade que ocorreu através da mudança de capital do Brasil. Em uma região pautada pela oligarquia e a agropecuária, o rock veio como símbolo de modernidade, que influenciou a juventude a um novo estilo de vida, com o objetivo de se distanciar do estigma de sertanejo e agropecuária.
A partir disso, muitas bandas serviram de inspiração, como MQN, Rolling Chamas e Mechanics, perpetuando esse movimento independente, como dito pelo baixista e vocalista da banda Overfuzz, Mário Nacife
“O início ali dos festivais ali no Martins Cererê, que a gente não viveu exatamente o início, mas a gente pegou um processo ali e foi muito importante para moldar a gente como artista e moldar a gente também como ser humano, né?”. Além do mais, o baterista e vocalista da banda, Victor César, complementa “Hoje em dia a gente está falando de um momento da banda em que cada um tem influências muito diferentes, em que cada um está ouvindo muita coisa diferente, e cada um de nós três tem uma gama de referências própria, e que acaba que essa gama de referências própria influência na hora da gente se juntar, tocar junto, compor junto.”.
Falta de investimento e infraestrutura
“O Brasil é um país meio desigual, né? Então ter recurso assim não é uma coisa tão igual para todos.” , Murilo Matos, vocalista e guitarrista da banda União Clandestina.
Atualmente, vemos dificuldades que certas bandas locais possuem em relação ao acesso de equipamentos e a possibilidade de investir em uma estrutura adequada de gravação, comparado a bandas de outras regiões ou até mesmo outro país, de acordo com o graduando de Engenharia de Áudio, Matheus Moraes
“A questão principal é a acessibilidade, Estados Unidos e Europa tem mais acessibilidade a equipamento e a estúdio e a estúdio de gravação, mas hoje em dia muita gente já começa a gravar sozinho, é fácil gravar guitarra, voz e baixo, que não precisa de uma estrutura de um estúdio, com amplificador como a bateria que faz diferença tá no estúdio.”
Como o destaque principal do cenário musical goiano é o sertanejo, muito do investimento governamental e privado são destinados a eventos como Villa Mix e Pecuária, que são os carros chefes em Goiânia. Diante disso muitas bandas se veem com dificuldade em se manter, tanto o OverFuzz, de acordo com Victor, “Então a gente está falando de tudo que uma banda precisa fazer para existir, para se comunicar, para se expressar, envolve verba. Então verba é com certeza um grande desafio que a gente enfrenta. A gente sempre foi muito do it yourself, a gente sempre deu um jeito de fazer as coisas, sempre deu um jeito de produzir os nossos trabalhos, mas quanto mais verba a gente tem à disposição, melhor a gente consegue produzir e trabalhar.”, quanto União Clandestina, segundo o vocalista e guitarrista da banda, Murilo Matos, “Então, às vezes a gente vê que os eventos que tem são as pessoas que acabam ali botando a cara mesmo, né, e fazendo. E se dispondo de recurso próprio mesmo e correndo risco ali de ter um prejuízo. Mas assim, eu acho que a prefeitura às vezes falta um pouco para atender mesmo, sabe?”.
Outro ponto levantado, pelo baterista do OverFuzz, Victor, em questão de infraestrutura é em relação aos lugares disponíveis para as bandas, de acordo com o músico até o momento da pandemia tinham casas de shows e pubs para realizar os shows, porém com o tempo “o cenário se inverteu, tendo mais espaço para os covers”, ou seja, uma das grandes dificuldades é encontrar lugares que recebam bandas independentes e autorais. Mas ainda é citado que lugares como Shivas, Casa Amarela, Viela Pub e Canevas Pub, que atendem essa demanda dos artistas autorais.
Goiânia não é apenas sertanejo “Eu enxergo o cenário musical daqui muito rico. A gente tem uma diversidade de estilos, de bandas, de grupos.”
Por mais que a população goiana seja coloca no estigma do sertanejo e da agropecuária, a cidade possui lugares para diversos estilos e pluralidades:
“Goiânia tem espaço para o rock, tem espaço para o metal mais pesado, tem espaço para o sertanejo, tem espaço para o funk, tem rap, tem psicodelia, tem bandas que são mais lo-fi. A gente tem uma riqueza de estilos no cenário de música daqui.”, de acordo com Victor.
A valorização da população pelo rock goiano é vista e apreciada pelos integrantes de ambas as bandas, a partir de Murilo,
“Em relação à recepção da galera, a gente sempre sai feliz nos festivais, porque geralmente a gente é bastante elogiado, a gente consegue receber muita crítica positiva, que é até o que acaba dando um gás às vezes para a gente, porque como a gente não é uma banda de sucesso financeiro, hoje em dia é bem difícil, a gente acaba tendo esse gás mesmo pela receptividade da galera ali” e com a fala de Victor, “Tem público que se interessa genuinamente para essas bandas então a gente toca sempre tem uma galera que vai nos shows sempre tem uma galera que tá ali cantando junto que faz questão de comprar o merch da compra nossas camisetas, compra os nossos CDs, compra os nossos vinis.”
Onde encontrar o rock goiano independente
Muitos festivais de rock são realizados em lugares como Martim Cererê, e que foram de extrema importância para o reconhecimento das bandas,
“Na história do Overfuzz, os festivais aqui de Goiânia foram muito importantes. Então eu elencaria o Festival Bananada, o Festival Vaca Amarela, o Festival Grito Rock e o Festival Goiânia Noise. Foram as nossas vitrines para poder colocar nosso som e colocar o nosso show para o máximo de pessoas possível aqui na cidade.”, segundo Victor.
Os locais onde ocorrem com frequência os shows de bandas independentes em Goiânia atualmente são: Casa Amarela, no Setor Sul, Shivas, no setor Oeste, o clássico Martim Cererê que promove o Cidade do Rock e o Goiânia Noise. Além dos Festival Vaca Amarela (imagem 1), Bananada e o Fósforo Cultural.

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